quarta-feira, 1 de abril de 2009

Melancolia

Estuprei você,
Fiz você gerar em mim os versos.
Pari o fruto do estupro,
Agonia e volúpia.
Com as marcas do seu corpo no meu,
Refiz a cama, parei no vento,
Vi você marcado.
Senti em mim o estupro seu.
Arrancou de mim gemidos silenciosos.
E eu senti o fogo queimar meu corpo,
Inscrever em minha alma a sua marca masculina.
Sob o impacto do estupro, continuo sentindo as marcas,
O fogo devorando minhas entranhas,
Você marcando nós dois com um ferro.
O ferro quente do sentir dentro do seu eu.
Mapeados e purificados no fogo,
Nos encontramos, nos fundimos...
Sou estuprada, dilacerada, amaldiçoada
Por fazer-lhe o homem que é você,
Todo seu, inteiro, único...
Meu! que se realiza nas minhas vísceras anímicas e carnais.
Sou a mulher tão sua,
Gueixa da sua noite,
Companheira do seu dia,
Amante das cópulas nunca realizadas.
Somos o estupro profano, marginal, inviável...
Pertenço-lhe sem ser sua,
Torno-me um tormento para mim,
Nos revelamos sem roupa
Na fusão dos verbos, desejos, pulsares, ânsias...
No encontro não permitido do orgasmo único e múltiplo
Homem, mulher, mundo sem fundo...
Eis a pequena morte,
De um homem e uma mulher, desgraçados:
Nós dois!

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