quarta-feira, 25 de março de 2009

Eu...

Às vezes porto
Por vezes barco,
Flutuando ao sabor do vento.
Neste movimento metáfora,
Na metáfora uma mulher
A desnudar-se em versos.
Circulando si mesmo

As luzes acendem-se
O dia acontece em um minuto.
O homem se busca
Nos espelhos intensos de si.
Enxerga-se mais novo mesmo velho.
Encontra-se e não se vê.
Passa por si e não percebe.
É noite...
Silêncio, estrelas, lua
O enigma de si continua
E o homem não vê seu brilho
Que reflete nos olhos
Do sentimento da sua própria existência.
Ainda cego, o homem morde o tempo
Devora-o, compondo mais uma cena de vida
E transbordando seu texto interior
Arraigado de sentimento indefinível.
Amizade Indecifrável

Em homenagem a nossa amizade...
Não farei os versos que espera,
Deixarei escrito nas paredes da alma
A essência do verbo inexistente.
Este move nossos sonhos,
Redimensiona a existência
E, não se revela...
Eis o mistério,
Sei que você sente o enigma...
Não o decifre, deixei-me viver.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Imagens

As castas das imagens
Viajando em ruínas,
Adaptando espaços.
Vejo-me presa!
Cismando tempo.
Já não sou eu
Sou apenas fluído
Da imagem desnuda
E desbotada de mulher.

Gentil?

No estupro gentil da poesia
A colocar em meu corpo
Imagens de um agora.
Vejo-me nas malhas das letras
Despida de mim mesma,
Localizada ano erotismo literário
De um orgasmo criativo,
Onde ser e está
Conjugam em mim o verbo.
Nua diante do verbo,
Sinto um estupro gentil
Plenizado por palavras,
Rasgando minha carne de mulher
Como um membro quente e viril...
Massageando o que em mim
É bem mais que vida... sendo carne,
Tremendo em um orgasmo pleno
Em fortes convulsões,
Sangra meu corpo de poeta e mulher
Instante efêmero de um escrever.
Palavras, gritos e versos,
Gemidos de dor e prazer.
Enfim, o orgasmo...
E qual um bom amante,
As palavras acariciam meus olhos,
Fazendo-me sentir realizada,
Ainda preciso daquelas palavras cúmplices
Geradoras de um orgasmo único e sem explicação...
É assim a estupro gentil da poesia em mim...

Aqueles dias e os dias de hoje

Dias de amor,
Sonhos sustentados em sonhos
E a intensidade de um sentir sempre repudiado.
Lágrimas nos olhos de uma mulher forte
Dor no corpo de uma amante ardente,
Planos jogados fora....
Ah! Fora tudo um sonho.
Um sonho inconstante de um homem-menino
Um desejo insano e humano
Atravessou o tempo e deixou na mulher
A marca sagrada de um amor
Amor que nunca conseguiu ser apenas feliz.
Nos olhos as lágrimas, na alma a saudade,
No coração a dor da indiferença e da traição.
Assim foi o que nunca era para ter sido ou vivido.
E o homem fecha em decisão da vida
A vida do amor e dos seus sonhos.
Foi e é assim aqueles e estes dias.
Saudade... Falta... Lágrimas...

Cris Porto